Ucrânia: Devastação e Opressão de Templos Evangélicos

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Por:Alexandre O. Franco

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O conflito entre a Ucrânia e a Rússia, que já dura mais de 21 meses, tem causado impactos devastadores não apenas no campo político e militar, mas também na esfera religiosa.

De acordo com um relatório recente divulgado pela Mission Eurasia em parceria com o Instituto para a Liberdade Religiosa (IRF) da Ucrânia, mais de 630 locais de culto foram destruídos ou gravemente danificados desde o início dos confrontos.

Ucrânia
Foto de uma Igreja destruída por bombardeios na Ucrânia.

“Fé sob Fogo”: Um Relato Alarmante da Perseguição Religiosa

O relatório, intitulado “Fé sob Fogo”, traz à tona evidências perturbadoras de que comunidades religiosas estão sendo sistematicamente visadas durante a guerra.

A destruição de locais de culto, muitas vezes por meio de ataques de mísseis, drones e artilharia, é apenas uma parte do cenário de opressão enfrentado pelos grupos religiosos na Ucrânia. A situação é especialmente crítica para as igrejas evangélicas, das quais pelo menos 206 foram completamente destruídas desde a invasão russa.

“Este relatório revela uma situação preocupante, em que igrejas e instituições religiosas são alvo de destruição, ao mesmo tempo em que a liberdade religiosa é fortemente limitada”, declaram os autores do estudo.

Regiões Mais Atingidas pela Destruição de Igrejas

As regiões de Donetsk, Luhansk e Kherson são as mais afetadas, com 146, 83 e 78 locais religiosos destruídos, respectivamente.

A cada semana, novos relatos surgem sobre igrejas sendo saqueadas ou ocupadas por soldados russos, que as utilizam como bases militares ou como esconderijos estratégicos para operações de guerra.

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A Perda de Ação Humanitária das Igrejas

No início do conflito, as igrejas não eram vistas como ameaças pelos soldados russos e serviam principalmente como centros de ajuda humanitária.

No entanto, a partir de maio de 2022, a ajuda humanitária proveniente de territórios ucranianos foi proibida, o que fez com que muitas igrejas fossem impedidas de continuar prestando apoio aos mais necessitados.

Além disso, houve um agravamento na repressão: soldados russos começaram a invadir igrejas durante os cultos, realizando buscas, coletando dados pessoais dos presentes e até exigindo os planos das atividades da igreja e cópias dos sermões. Caso algo fosse considerado inapropriado, as reuniões poderiam ser proibidas.

Vídeo: A Situação da Igreja Evangélica na Ucrânia

Perseguição aos Líderes Religiosos

A perseguição não se limita à destruição de templos. Desde o início da invasão, pelo menos 29 líderes religiosos, entre pastores e padres, foram sequestrados ou mortos pelas autoridades russas, conforme relatado pelo Instituto para o Estudo da Guerra.

As denúncias de abuso, humilhação e até tortura de figuras religiosas nos territórios controlados pela Rússia são constantes.

Essa repressão tem se tornado cada vez mais brutal e organizada, com o governo russo justificando suas ações pela Lei Yarovaya, aprovada em 2016, que restringe as atividades de grupos religiosos minoritários, como as igrejas evangélicas.

Recomendações do Relatório

Diante dessa situação alarmante, o relatório “Fé sob Fogo” faz 12 recomendações, entre elas:

  • O fim da opressão às minorias religiosas.
  • A responsabilização dos culpados pelos crimes cometidos.
  • O apoio às comunidades religiosas afetadas pela guerra.
“É fundamental que a comunidade internacional se manifeste para pôr fim à perseguição e assegurar que as comunidades religiosas possam resistir e florescer em meio ao caos”, concluem os autores do relatório..

Finalizando

A guerra entre Ucrânia e Rússia vai muito além do campo de batalha. A destruição e perseguição de igrejas, especialmente as evangélicas, revelam uma realidade de opressão religiosa que não pode ser ignorada.

As recomendações do relatório são um apelo urgente para que o mundo não fique indiferente diante de uma tragédia que ameaça não apenas a fé de milhões, mas também a liberdade religiosa em uma das regiões mais afetadas pelo conflito.

A situação exige ação imediata, não só para reconstruir os templos destruídos, mas também para proteger os líderes religiosos e garantir que os direitos fundamentais de liberdade de crença e culto sejam respeitados.