Tribulação: Uma Análise Bíblica e Teológica

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Por:Alexandre O. Franco

Sempre me fascinei pelo tema da tribulação. Esse conceito, tão presente na Bíblia, desperta curiosidade, debates e reflexões profundas entre os cristãos. Afinal, o que é a tribulação? Quando ela ocorrerá? E, mais importante, a Igreja passará por esse período de grande sofrimento ou será arrebatada antes?

Neste artigo, quero convidar você a mergulhar comigo nessa jornada teológica. Vamos explorar as visões pré-tribulacionista e pós-tribulacionista, comparar suas bases bíblicas, e buscar clareza sobre o que Deus nos revela em Sua Palavra. Desejo que você saia daqui com uma compreensão mais sólida e, acima de tudo, com o coração preparado para os tempos finais.

O Que é a Tribulação?

A tribulação, ou grande tribulação, é um período de intenso sofrimento e julgamento descrito nas Escrituras, especialmente em passagens proféticas como Daniel, Mateus 24 e Apocalipse. Jesus foi quem primeiro usou o termo “grande tribulação” no Novo Testamento. Em Mateus 24:21, Ele diz:

“Porque haverá então grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais.”

Esse tempo é marcado por eventos catastróficos, perseguições, a ascensão do anticristo e juízos divinos sobre a terra. Mas a grande questão que divide os teólogos é: a Igreja estará presente durante esses eventos ou será poupada? Para responder isso, precisamos examinar as duas principais interpretações: o pré-tribulacionismo e o pós-tribulacionismo.

Visões Teológicas: Pré-Tribulacionismo vs. Pós-Tribulacionismo

Já ouvi muitos irmãos defenderem passionately ambas as posições. Vamos analisá-las com cuidado, baseando-nos na Bíblia.

Pré-Tribulacionismo: Arrebatamento Antes da Tribulação

Eu me lembro de conversas com amigos pré-tribulacionistas que defendem que a Igreja será arrebatada antes que a tribulação comece. Eles acreditam que esse período de sete anos (muitas vezes ligado às 70 semanas de Daniel 9:24-27) é um tempo de julgamento divino sobre o mundo incrédulo, não sobre os salvos. Uma das passagens favoritas deles é 1 Tessalonicenses 5:9:

“Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo.”

Outro texto importante é Apocalipse 3:10, onde Jesus promete à igreja de Filadélfia:

“Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.”

Os pré-tribulacionistas, como o Pastor Natan Rufino em nosso debate, apontam que a Igreja é mencionada nos capítulos 1 a 3 de Apocalipse, mas desaparece até o capítulo 19, quando retorna com Cristo. Para eles, isso sugere que os crentes não estarão na terra durante os eventos dos capítulos 6 a 18, que descrevem a tribulação. Natan argumenta que as epístolas de Paulo, como 1 Tessalonicenses 4:16-17, revelam um arrebatamento secreto antes desse período, um evento que ele chama de “irrefutável” com base na revelação paulina.

Pós-Tribulacionismo: Arrebatamento Após a Tribulação

Por outro lado, já vi irmãos que creem no pós-tribulacionismo, como o Pastor Sezar Cavalcante, que defende que a Igreja passará pela tribulação e será arrebatada no final, na volta visível de Cristo. Eles se apoiam em Mateus 24:29-31, onde Jesus diz:

“E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; […] e ele enviará os seus anjos com rijo clangor de trombeta, os quais ajuntarão os seus eleitos desde os quatro ventos.”

Para os pós-tribulacionistas, esse “ajuntamento dos eleitos” é o arrebatamento, que acontece após a tribulação. Sezar, no debate, enfatiza que Jesus fala de perseguição por causa de Seu nome (Mateus 24:9), algo que só pode se referir aos cristãos, não apenas aos judeus. Ele também cita 2 Timóteo 3:12:

“E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.”

Essa visão vê a tribulação como um tempo de purificação para a Igreja, não apenas de juízo sobre os ímpios.

Comparação entre Pré e Pós-Tribulacionismo

Para ajudar você a visualizar as diferenças, preparei uma tabela comparativa:

AspectoPré-TribulacionismoPós-Tribulacionismo
Momento do ArrebatamentoAntes da tribulação (início dos 7 anos)Após a tribulação (na volta visível de Cristo)
Propósito da TribulaçãoJulgamento divino sobre o mundo incréduloPurificação da Igreja e juízo sobre os ímpios
Textos-Chave1 Tessalonicenses 5:9, Apocalipse 3:10, 1 Tessalonicenses 4:16-17Mateus 24:29-31, 2 Tessalonicenses 2:1-4, Apocalipse 7:14
Visão da IgrejaIgreja é arrebatada e não passa pela tribulaçãoIgreja atravessa a tribulação, sendo protegida ou martirizada
Interpretação de Daniel70ª semana ocorre após o arrebatamento70ª semana inclui a Igreja ou já se cumpriu parcialmente

Essa tabela reflete os argumentos que ouvi no debate entre Natan e Sezar. Natan insiste que a tribulação é um “pagamento” aos ímpios, enquanto a Igreja recebe “alívio” antes, com base em 2 Tessalonicenses 1:6-7. Sezar, porém, lê o mesmo texto como um evento único na volta de Cristo, após a tribulação.

Lista de Pontos-Chave

Aqui está uma lista para resumir o que aprendemos até agora:

  • Tribulação: Um período de grande aflição antes da segunda vinda de Cristo.
  • Arrebatamento: O evento em que os crentes são levados para encontrar Jesus nos ares.
  • Pré-Tribulacionismo: A Igreja é arrebatada antes da tribulação.
  • Pós-Tribulacionismo: A Igreja passa pela tribulação e é arrebatada depois.
  • Eleitos: Os escolhidos de Deus, que podem ser a Igreja ou outros grupos, dependendo da visão.

Uma Análise Mais Profunda do Debate

Recentemente, acompanhei um debate teológico fascinante entre os pastores Natan Rufino (pré-tribulacionista) e Sezar Cavalcante (pós-tribulacionista). Vou compartilhar com você os principais argumentos que eles trouxeram, pois acredito que isso pode iluminar nossa compreensão.

Argumentos do Pastor Natan Rufino (Pré-Tribulacionismo)

Natan defendeu que o arrebatamento ocorre antes dos sete anos da tribulação. Ele argumentou que as epístolas de Paulo, como 1 Tessalonicenses 4:16-17, são a chave para entender esse evento:

“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares.”

Para ele, esse texto mostra um evento distinto da volta visível de Cristo em Mateus 24. Ele também interpretou Mateus 24:36-41 (os dias de Noé) como um período de normalidade antes da tribulação, comparando a retirada de Noé e Ló ao arrebatamento.

Natan sugeriu que a Igreja é aliviada antes, enquanto os ímpios recebem a tribulação como “pagamento” (2 Tessalonicenses 1:6), propondo até uma ajuste na pontuação do texto para harmonizar sua visão.

Argumentos do Pastor Sezar Cavalcante (Pós-Tribulacionismo)

Sezar, por sua vez, foi firme ao afirmar que a Igreja atravessará a tribulação. Ele destacou Mateus 24:9 e 24:21-22, onde Jesus fala de perseguição por Seu nome e dos “eleitos” sofrendo na tribulação. Para ele, esses eleitos são cristãos, pois quem mais seria perseguido por causa de Jesus?

Ele também usou 2 Tessalonicenses 1:6-10, enfatizando que o “alívio” da Igreja e o juízo dos ímpios ocorrem juntos, “quando do céu se manifestar o Senhor Jesus em chama de fogo”, após a tribulação. Sezar criticou a ideia de ajustar a pontuação, defendendo que o texto é claro como está.

Reflexão Pessoal

Confesso que o debate me fez pensar muito. Natan trouxe uma perspectiva interessante sobre Paulo como o revelador do arrebatamento, mas sua interpretação de Mateus 24 e a mudança na pontuação de 2 Tessalonicenses me pareceram forçadas.

Sezar, por outro lado, ancorou-se fortemente nos Evangelhos, mas sua visão exige que aceitemos a Igreja sofrendo a ira divina, algo que os pré-tribulacionistas rejeitam com base em 1 Tessalonicenses 5:9. Vejo mérito em ambos os lados, mas também percebo que nenhum dos dois “refutou” o outro definitivamente no debate.

Assista ao confronto completo

Uma Perspectiva Histórica

No debate, Natan e Sezar tocaram na patrística. Natan citou Irineu e Efraim, o Sírio, como supostos pré-tribulacionistas, mas Sezar rebateu, afirmando que os pais da Igreja, como Irineu (Contra as Heresias, Livro 5), eram unânimes em ver a Igreja atravessando a tribulação.

Pesquisei mais e descobri que o pré-tribulacionismo só ganhou força no século XIX, com John Nelson Darby. Antes disso, a visão dominante era pós-tribulacionista. Isso não prova quem está certo, mas nos lembra que a história da Igreja pode enriquecer nosso entendimento.

Minha Conclusão

Depois de estudar as Escrituras e ouvir debates como o de Natan e Sezar, chego a uma conclusão pessoal: o tema da tribulação é complexo e exige humildade. O pré-tribulacionismo oferece esperança de escape, enquanto o pós-tribulacionismo nos chama à perseverança. Ambos têm bases bíblicas sólidas, mas também enfrentam desafios. Natan não refutou Sezar, nem Sezar refutou Natan – o que vi foi um empate teológico que reflete a riqueza da Palavra de Deus.

O que importa, querido leitor, é o que Jesus nos ensina em Mateus 24:44:

“Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis.”

Seja pré ou pós-tribulacionista, nosso chamado é viver em santidade, prontos para encontrar o Senhor a qualquer momento.

Referências Bíblicas

  • Mateus 24:9, 21-22, 29-31, 36-44
  • 1 Tessalonicenses 4:16-17, 5:9
  • 2 Tessalonicenses 1:6-10, 2:1-4
  • Apocalipse 3:10, 7:9-14, 19:11-14
  • Daniel 9:24-27
  • 2 Timóteo 3:12
  • 2 Pedro 3:9-11

FAQ: Perguntas Frequentes sobre a Tribulação

  1. O que é a tribulação segundo a Bíblia?
    • É um período de grande sofrimento e juízo antes da volta de Cristo, descrito em Mateus 24:21 e Apocalipse 7:14.
  2. A Igreja passará pela tribulação?
    • Depende da visão: pré-tribulacionistas dizem que não, com base em 1 Tessalonicenses 5:9; pós-tribulacionistas dizem que sim, com base em Mateus 24:29-31.
  3. Qual a base bíblica do pré-tribulacionismo?
    • Textos como 1 Tessalonicenses 4:16-17, 5:9 e Apocalipse 3:10 são centrais.
  4. E do pós-tribulacionismo?
    • Mateus 24:29-31, 2 Tessalonicenses 1:6-10 e Apocalipse 7:14 são frequentemente citados.
  5. Quem são os eleitos de Mateus 24?
    • Para os pós-tribulacionistas, são os cristãos; para alguns pré-tribulacionistas, são judeus convertidos ou outro grupo de salvos.
  6. O que acontece com os que se convertem na tribulação?
    • Pré-tribulacionistas creem que haverá conversões (e.g., Apocalipse 7:9-14), mas não chamam esses salvos de “Igreja”; pós-tribulacionistas veem isso como parte da Igreja perseverante.

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